Portuguese writer Mário de Sá-Carneiro was born in 1890 and moved to Paris in 1912, where died in 1916. In the course of his short literary career, a large part of which was developed in Paris, he created a collection of literary works that was broad in terms of the literary genres they encompassed, and very innovative for his time, in the context of the literature written in Portuguese.

In the span of five years (1912 to 1916), he authored two plays Amizade [Friendship, with Tomás Cabreira Júnior] and Alma [Soul, with António Ponce de Leão]; three books of fiction, Princípio [Beginning, short stories], Céu em Fogo [The Sky on Fire, short stories], and a novel, A Confissão de Lúcio [Lúcio’s Confession]; as well as two books of poetry, Dispersão [Dispersion] and Indícios de Oiro [Traces of Gold, published posthumously]. He was also a director, with Fernando Pessoa, of the modernist magazine Orpheu (1915).

In his works, his poetic voice and fictional characters often present the experience of the subject that comes from a semiperipheral context — Portugal and the Portuguese-speaking cultural space — and undergoes the contrasting modern capitalist life in a main European metropolis — Paris —, raising questions still very much at the center of today’s debates in the discussion on the relations between European nations and cultural capital. His work portrays a modern identity gap between the idealized well-integrated self and the melancholic experience of dissolution and loss. At the same time, Sá-Carneiro’s fiction provides an innovative inquiry into the boundaries of the performance of gender — in fact brazenly questioning in 1912 the very conception of the existence of exclusively two genders, male and female. His fiction also frequently addresses the coming of age of young artists and writers.

In his works Sá-Carneiro comes to experiment with avant-garde discourses, influenced by artistic movements such as Cubism and Futurism, which were at their height in Paris while the author lived there. Mário de Sá-Carneiro’s role and contribution to the international modernist and avant-garde movements is currently the subject of great international interest, as indicated by the plethora of international academic colloquia and publications, in recent years, and this website seeks to contribute to divulging his work.

O escritor português Mário de Sá-Carneiro nasceu em 1890 e viveu, a partir de 1912, em Paris, onde morreu em 1916. Ao longo da sua curta carreira literária, em grande medida desenvolvida na capital francesa, criou uma coleção de obras literárias ampla em termos dos géneros trabalhados, e bastante inovadora para a sua época, no contexto da literatura portuguesa da época.

Num período de cinco anos, entre 1912 e 1916, escreveu as peças de teatro Amizade, com Tomás Cabreira Júnior, e Alma, com António Ponce de Leão; três livros de ficção, Princípio (novelas), Céu em Fogo (novelas), e A Confissão de Lúcio (romance); bem como dois livros de poesia, Dispersão e Indícios de Oiro, este último publicado postumamente. Foi ainda diretor, juntamente com Fernando Pessoa, da revista modernista Orpheu (1915).

Nas suas obras, a sua voz poética e as personagens de ficção frequentemente apresentam um sujeito originário de um contexto semiperiférico — Portugal e o espaço cultural de língua portuguesa — que experiencia a vivência duma metrópole central, europeia e capitalista — Paris. Esta experiência evidencia questões que ainda permanecem nos dias de hoje, relacionadas com o debate sobre as relações Norte/Sul, o relevo das nações em causa, e o capital cultural associado a cada uma delas. A sua obra apresenta uma fratura identitária moderna, entre um eu idealmente bem integrado na vida burguesa, e a experiência, moderna, de uma dissolução melancólica e de perda. Ao mesmo tempo, a ficção de Sá-Carneiro oferece uma análise inovadora no que diz respeito à performance de género — de facto chegando mesmo a questionar-se, logo em 1912, acerca das limitações da existência de apenas dois sexos. Tema central na sua ficção é ainda o processo de formação dos jovens artistas e escritores, no contexto das vanguardas.

Na sua obra Sá-Carneiro chega a experimentar com os discursos vanguardistas, influenciado por movimentos artísticos como Cubismo e Futurismo, no seu auge em Paris quando o escritor vivia na cidade. A contribuição de Mário de Sá-Carneiro para o movimento modernista e de vanguarda é atualmente objeto de interesse internacional, como se percebe pela grande quantidade de colóquios e publicações internacionais nos anos recentes, e este website visa contribuir para divulgar o seu trabalho.