14. Paris, 2 Jan. 1913
Pelo correio de hoje segue o n[umer]o do Mercurio de França que não enviei ontem
15. Paris, 7 Jan. 1913
Quero destacar aqui um admiravel, um enorme verso seu, este: "Quanto mais desço em mim mais subo em Deus".
16. Paris, 21 Jan. 1913
Abomino o alcool. Não fumo. Não jogo. Não me inoculo de morfina ou cocaina. O absinto sabe-me mal.
17. Paris, 21 Jan. 1913
Suplico-lhe que me perdôe a maçada que lhe "prégo" e que me dê sobre tudo a sua opinião. Ela é o melhor incentivo para o meu trabalho, o melhor guia.
18. Paris, 3 Fev. 1913
Perdôe a caligrafia horrenda! Só a sua m[ui]ta bondade perdoará a infamia destes borrões
19. Paris, 20 Fev. 1913
Não teria o meu amigo recebido uma carta longa que lhe escrevi no principio deste mês, a 3 salvo erro?
20. Paris, 22 Fev. 1913
Só responderei dentro de uma semana porque lhe tenho m[ui]to a dizer
21. Paris, 26 Fev. 1913
Entendo que se devem tratar, coisas emmaranhadas, erguidas e infinitas, fantasticas e ao mesmo tempo esculpir beleza plastica nas frases.
22. Paris, 28 Fev. 1913
Esperando a resposta á m[inha] carta acima referida que peço m[ui]to, m[ui]to breve
23. Paris, 9 Mar. 1913
Amanhã mando-lhe com certeza uma carta — talvez registada — con-tendo o "Homem dos Sonhos".
24. Paris, 10 Mar. 1913
No emtanto, confesso-lhe, meu caro Pessoa, que sem estar doido, eu acredito no cubismo.
25. Paris, 10 Mar. 1913
Homem e carta (Homem incluido na carta) seguem pelo mesmo correio registadamente.
26. Paris, 16 Mar. 1913
Actualmente trabalho no "Alem" que dentro de 3 semanas deve estar concluido.
27. Paris, 25 Mar. 1913
Que saudades, que saudades eu tenho das nossas palestras. Nem o meu querido amigo imagina! Como nos desforra‐ remos este Verão!
28. Paris, 29 Mar. 1913
Do meu livro venderam-se até hoje em Lisboa 91 exemplares e na provincia 120
29. Paris, 1 Ab. 1913
Mais uma vez lhe peço desculpa das continuas estopadas que lhe dou.
30. Paris, 16 Abr. 1913
Na anterior ia o "Bailado" completo. Recebeu isto tudo? Diga, sim?
31. Paris, 21 Abr. 1913
Diz você que na sua opinião, do Ponce e Correia d'Oliveira, no "Bai- lado" eu transbordei. Eu acho preferivel outro termo: transviei.
32. Paris, 3 Maio 1913
Perdi-me dentro de mim Porque eu era labirinto, E hoje, quando me sinto, É com saudades de mim.
33. Paris, 3 Maio 1913
Um cemiterio falso sem ossadas, Noites de amor sem bôcas esmagadas — Tudo outro espasmo que principio ou fim...
34. Paris, 4 Maio 1913
Aí vai outra poesia. Fi-la, vamos lá em 3 horas, neste café, com barulho, e um militar reformado, gágá, ao meu lado
35. Paris, 5 Maio 1913
Sou estrela ebria que perdeu os ceus, Sereia louca que deixou o mar;
36. Paris, 6 Maio 1913
Eu não acho os "Paues" tão nebulosos como você quer; acho-os mesmo muito mais claros do q[ue] outras poesias suas.
37. Paris, 10 Maio 1913
Sobre isto a sua opinião inteira, e breve, meu querido amigo. Ansiosamente espero a sua resposta a esta e ás outras minhas cartas.
38. Paris, 14 Maio 1913
Agradeço-lhe entranhadamente [...] o que você diz na parte da sua carta: "Afinal estou em crêr q[ue] em plena altura, pelo menos quanto a sentimento artistico, ha em Portugal só nós dois".
39. Paris, 31 Maio 1913
Uma ideia nova: um individuo cuja ansia é de crear misterios só pelo perturbador que um misterio é.
40. Paris, 19 Jun. 1913
Chego a Lisboa na proxima 2a feira 23 de Junho (vinte e três de junho).
41. Paris, 19 Jun. 1913
Chego a Lisboa pelo Sud‐Express na proxima 2a feira 23.
42. Paris, 21 Jun. 1913
Gostava m[ui]to de o ver na estação. Estará você zangado comigo? Nunca mais me escreveu...
43. Lisboa, 26 Ag. 1913
Você viu o automovel transportando a "chegada do Ramos".
44. Lisboa, 2 Out. 1913
Amanhã ás 3 horas (3) em minha casa, se quiser aparecer, encontrar-me-hia e o Guisado
45. Lisboa, 8 Out. 1913
Era um grande, enorme favor se me aparecesse amanhã 5a feira 9 em minha casa para o que sabe: provas!
46. Lisboa, 11 Out. 1913
Martire S. Fernando (Pessoa) das Provas!
47. Lisboa, 17 Out. 1913
Se você logo às 8 1⁄2 9 horas pudesse1 aparecer no Martinho?...
48. Lisboa, 20 Out. 1913
No Montanha ás 8 1⁄2 9 h. para o q[ue] sabe.
49. Lisboa, 20 Out. 1913
montanha noite
50. Lisboa, 23 Out. 1913
montanha noute
51. Lisboa, 24 Out. 1913
Então perdoe‐lhe, sim, coitado!...
52. Lisboa, entre 24-30 Out. 1913
Era para lhe ler, o artigo ungido. Você crê?...
53. Lisboa, 30 Out. 1913
S. Fernando (pessoa revisora de provas)
54. Lisboa, 9 Dez. 1913
Você e o engenheiro do Mario-Beirão-pior-do-que-o-Kant
55. Lisboa, 22 Dez. 1913
Gostava m[ui]to de falar amanhã com você. Tanto que perdi hoje o dia á sua procura! É sobretudo por causa de S. Exa o Sr. Prof. Ante- na.