116. Lisboa, 8 Jan. 1915
Em vão corro Brazileiras... Em vão telefone!... Anseamos falar-lhe. Contemporanea, Ceu em Fôgo (no prelo!!!), e maravilhosos sonetos (do Gui[sado]).
117. Lisboa, 19 Jan. 1915
Se lhe fosse possivel aparecer á noite no Jansen (10 horas), ficava-lhe m[ui]to grato. Mas só se lhe fôr possivel. Emfim... O Pacheco tambem estará, creio.
118. Lisboa, 20 Jan. 1915
Possivel q[ue] amanhã surja Jansen. O Pacheco estará certamente.
119. Lisboa, 29 Jan. 1915
Pedia-lhe muito meu querido Fernando Pessoa (e o Alfredo Guisado tambem muito lhe roga) para aparecer amanhã sábado á noite no restaurante dos Irmãos Unidos.
120. [Fev. 1915]
Você, meu querido Pessoa deixar-me-ha estas provas amanhã no Martinho logo que possa, de manhã — (a não ser que lhe seja impossivel).
121 Lisboa, 4 Fev. 1915
Rogo-lhe que me avise, telefonicamente, a hora e o local a que me pode atender p[ar]a o nº 2287 (Praça dos Restauradores)
122 Lisboa, 26 Mar. 1915
Pelo amor de Deus não falte. Tenho provas!c Mas por amor de Deus!...
123 Lisboa, 4 Abr. 1915
Rogo-lhe encarecidamente que amanhã em vez de estar no Jansen ás 10 horas esteja ás 81⁄2
124 Lisboa, 9 Maio 1915
Deixe-me os versos do Angelo no hotel, o mais tardar 3.a feira.
125 Lisboa, 11 Maio 1915
Até amanhã pois, meu caro Pessoa, no Montanha!
126 Lisboa, 21 Maio 1915
Preciso amanhã sabado de você, meu querido Fernando Pessoa, á noite, no Montanha
127 Lisboa, 24 Maio 1915
Esteja montanha hoje 10 horas provas
128 Lisboa, 2 Jun. 1915
Pedia-lhe [...] amanhã entre as 6 e as 71⁄2 (o mais cedo que puder dentro destas horas) aparecer no "Martinho".
129 Lisboa, 13 Jun. 1915
Você amanhã vai ao Jansen por causa da mascarada ás 91⁄2 — pois não vai?
130 Lisboa, 13 Jun. 1915
Peço-lhe mesmo que vá e até que "me represente"... Adeus.
131 Lisboa, 21 Jun. 1915
É por causa do Orfeu. Inadiavel o assunto. Rogo-lhe por isso que não deixe de aparecer!
132 Pampilhosa, 11 Jul. 1915
Escreva S[ão] Sebastião Posta Restante.
133 San Sebastián, 13 Jul. 1915
Mil grandes abraços
134 San Sebastián, 13 Jul. 1915
Funiculares, as minhas ansias de ascensão!...
135 San Sebastián, 13 Jul. 1915
Mil Saudades em Aço e Volantes
136 San Sebastián, 13 Jul. 1915
Sem nenhuma dificuldade obtido o passaporte que o ministro lepidoptero de Lxa negara!
137 Paris, 16 Jul. 1915
[...] com respeito a questões da minha vida particular, comunico-lhe que não quero saber coisa nenhuma
138 Paris, 17 Jul. 1915
Paris inteiro [...] tudo se atenuou, esmaeceu, velou, diluiu — mas permaneceu em encanto — mais penetrante hoje por subtilisado, imponderalisado, cendrado — mas simultaneamente febrilisado em novas crispações.
139 Paris, Jul. 1915
Olhe, agora não tenho tempo p[ar]a mais. Mas você escreva!
140 Paris, 22 Jul. 1915
Na minha carta lhe direi como me hão de enviar o dinheiro.
141 Paris, 26 Jul. 1915
[...] assim que receba esta carta vá imediatamente á Livraria falar ao Augusto, para saber o que ha
142 Paris, 27 Jul. 1915
[...] ir á livraria e fazer com q[ue] me telegrafem se posso contar com o dinheiro da venda do Ceu em Fôgo até 12 Agosto impreterivelmente.
143 Paris, 28 Jul. 1915
[...] não deixe de me responder imediatamente — mesmo que lhe seja impossivel!
144 Paris, 29 Jul. 1915
[...] ainda uma vez lhe suplico em nome da sua amizade que não esqueça o que lhe pedi
145 Paris, 2 Ag. 1915
Não sei realmente meu querido Amigo como explicar o seu silencio. Pior: Não sei como desculpa‐lo.
146 Paris, 7 Ag. 1915
Você decerto já me perdoou a minha ultima carta — mas, de joelhos por ela lhe venho suplicar perdão.
147 Paris, 8 Ag. 1915
De novo, confundidamente, lhe suplico perdão!
148 Paris, 10 Ag. 1915
De prosa sinto-me pouco disposto a escrever agora o "Mundo Interior"
149 Paris, 11 Ag. 1915
os Delaunay (o casal do simultanismo e orfismo: derivações cubistas)
150 Paris, 13 Ag. 1915
Na galeria Sagot, o templo cubista-futurista de q[ue] lhe falei já numa das minhas cartas comprei ontem um volume: I Poeti Futuristi.
151 Paris, 21 Ag. 1915
Recebi já dinheiro de L[ourenço] Marques.
152 Paris, 22 Ag. 1915
Recebi já dinheiro do meu Pai, de Lourenço Marques: 250 francos, que foi o q[ue] eu lhe pedi p[ar]a me dar por mês
153 Paris, 23 Ag. 1915
Oiça agora o esboço do "scenario" da "Novela Romantica" de que na minha carta de ontem lhe falei.
154 Paris, 24 Ag. 1915
"toda uma civilisação" é, meu querido Amigo, o que você hoje perturbadoramente se me afigura
155 Paris, 30 Ag. 1915
A novela "Para Lá" conterá m[ui]tas coisas pelo meio: por exemplo: Fernando Passos será lá bastante falado
156 Paris, 31 Ag. 1915
Eis pelo que segundo a sua carta eu vou estabelecer o sumario do Orfeu 3.
157 Paris, 6 Set. 1915
E ei-la, a môna, la está Estendida — a perna traçada — No infindavel sofá Da minha alma estofada.
158 Paris, 13 Set. 1915
Em duas palavras: temos desgraçadamente de desistir do nosso Orfeu.
159 Paris, 18 Set. 1915
Não calcula a pena que eu tenho — pena pessoal, esta — de não poder publicar a minha serie das "Sete Canções", da "Serradura" e das duas poesias que hoje lhe remeto!
160 Paris, 25 Set. 1915
Você tem mil razões: o Orfeu não acabou. De qualquer maneira, em qualquer "tempo" ha de continuar.
161 Paris, 28 Set. 1915
(— Por isso a sensação em mim fincada ha tanto Dum grande património4 algures haver perdido; Por isso o meu desejo astral de luxo desmedido — E a Côr na minha Obra o que restou do encanto...)
162 Paris, 30 Set. 1915
Não me poupe os homens! 30 francos o mais tardar partidos de Lisboa a 9.
163 Paris, 30 Set. 1915
Peço tambem p[ar]a lembrar na Livraria os volumes que pedi me enviassem.
164 Paris, 2 Out. 1915
Atravesso de mais um periodo de grande tristeza, de melancolia branca de não sei que saudade irrealisavel.
165 Paris, 6 Out. 1915
Com efeito preciso de livros p[ar]a ler. Por isso os mandei vir. Mas até hoje nada! Perdôe maça- -lo tanto, sim?
166 Paris, 7 Out. 1915
Delirei, positivamente delirei, do frontispicio da Scena do Odio. Transmita ao Almada todo o meu entusiasmo!
167 Paris, 9 Out. 1915
Diga ao Almada Negreiros q[ue] lhe enviei ontem uma carta p[ar]a a Brazileira do Chiado
168 Paris, 16 Out. 1915
Agradeço-lhe pela piada — q[ue] disse ao Leal sobre a imortalidade do Pintor. Ri ás bandeiras despregadas.
169 Paris, 18 Out. 1915
Santa-Rita Pintor é de ha muito um meu inimigo intimo.
170 Paris, 19 Out. 1915
Á ensemble dos meus versos quero este frontispicio: "Poemas de Paris".
171 Paris, 24 Out. 1915
Escrevi p[ar]a a Livraria a relembrar o pedido de massas p[ar]a o começo de Novembro. Cuide-me do assunto, conforme o costume.
172 Paris, 29 Out. 1915
Eu creio (segundo a carta que em tempos você me enviou) ter ainda na livraria uns 40-50 mil-reis.
173 Paris, 3 Nov. 1915
Optimo pateada a Dantas publicamente-gente-do-Orfeu. Optimo!
174 Paris, 5 Nov. 1915
Não pareço eu dos ultimos versos que lhe enviei?...
175 Paris, 8 Nov. 1915
Estou hoje muito triste e muito infeliz. Mas logo vou ao teatro. Sempre é atapetar a vida.
176 Paris, 10 Nov. 1915
Mando-lhe junto um soneto, que não me parece m[ui]to bom — sobre o eterno Erro, astro directriz da minha sorte.
177 Paris, 15 Nov. 1915
Tenho m[ui]ta pena de não lhe ter mais nada a dizer. Só lhe suplico que escreva, sempre, sempre, sempre.
178 Paris, 18 Nov. 1915
Sabe bem que o Guisado será sempre p[ar]a mim o admiravel Poeta e o excelente rapaz toldado de Burguesia.
179 Paris, 20 Nov. 1915
Grande abraço do seu confrade em Alem.
180 Paris, 24 Nov. 1915
Oiça: assim que receber esta carta você vai imediatamente ao Crédit Lyonnais
181 Paris, 27 Nov. 1915
Mando-lhe hoje versos. A "Caranguejola" é um poema q[ue] fiz ultimamente.
182 Paris, 29 Nov. 1915
Curioso q[ue] ainda se venda o Orfeu!
183 Paris, 1 Dez. 1915
Perdôe incomoda-lo em vão pelo Crédit.
184 Paris, 10 Dez. 1915
O Franco escreveu-me: q[ue] virá talvez para o Natal em licença.
185 Paris, 12 Dez. 1915
Antes de mais nada: viu a ultima Ilustração Portuguesa? Se a viu, rebentou por certo á gargalhada: vem com efeito lá uma pagina anunciando o n[umer]o de Natal onde figuram os retratos dos colaboradores: Julio Dantas, Augusto de Castro etc. e… Mario de Sá-Carneiro, o homem do Orfeu! É fantastico!
186 Paris, 21 Dez. 1915
Diga na livraria q[ue] me mandem imediatamente o dinheiro se o meu avô lá o não foi buscar ou só levou parte.
187 Paris, 24 Dez. 1915
Do C[arlos] Franco lhe direi que quanto a "total-psicologico-sensibilidade" o temos que definitivamente colocar num plano muito alto, quasi de "creatura-superior". Sete meses de trincheiras, os combates de Arras e a ofensiva da Champagne de forma alguma lhe embotaram os nervos, o fizeram desinteressar das coisas artisticas. Entregou-me a guardar — calcule — o Orfeu 1 e o Ceu em Fogo que na mochila o acompanharam em todos os ataques — dos quais nunca se quis despojar!
188 Paris, 27 Dez. 1915
É piramidal! Tratam-me como um menino de escola! E fazem-me assinar uma merda que nem faz sentido gramatical em certos periodos!
189 Paris, 29 Dez. 1915
Orfeu mundial: O C[arlos] Ferreira contou-me que falando ontem a um comerciante Eduardo de Azevedo em casa dêle, por acaso, no meu nome — êle logo: Ah! Já sei, um dos malucos do Orfeu: e duma gaveta ei-lo que tira brandido na mão o nosso terrivel 2 prateado!